segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A ORIGEM DO NATAL É DUVIDOSA


No carrossel da vida marcado pelo tempo. Olhamos o mundo e enxergamos quase tudo que estar em sua volta. Somos informados outra vez de que mais um ano está findando. Pois, já estamos em dezembro e isso nos faz lembrar que o Natal está chegando.

De acordo com o calendário cristão, no dia 25 de dezembro comemora-se o dia de Natal. Data esta, que segundo os cristãos marca o nascimento de Jesus Cristo em Belém da Judéia, na época do Reinado de Herodes Antipas (4 a.C. a 39 d.C.) o carrasco governador da Galilélia.

Entretanto, vale ressaltar que no meio cientifico em especial entre os historiadores, esta data tem sido bastante questionada e há muitas controvérsias em torno da mesma. Logo, esta não corresponde à verdadeira realidade dos fatos. Se não vejamos: ao fazermos uma contagem regressiva partindo de hoje até o ano zero, provavelmente iríamos nos deparar com um menino de quatro anos. Isso mesmo, é que Jesus deve ter nascido no ano 4 a.C., o calendário romano-cristão teria um erro de quatro anos. Tampouco adiantaria chegar a Belém em 25 de dezembro. Em primeiro lugar, porque ninguém sabe o dia e a data exata que Jesus nasceu. O mês de dezembro foi instituído pela Igreja no ano 525 d.C. porque era a mesma época das festas pagãs de Roma. E o segundo problema, ainda mais grave, é que provavelmente Jesus não nasceu em Belém. Segundo o Padre Jaldemir Vitório, do Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus em Belo Horizonte, há quase um consenso entre os historiadores de que Jesus nasceu em Nazaré. Tanto é verdade, que várias vezes é citado nos Evangelhos como o “nazareno”, aquele que é natural de Nazaré. (REVISTA SUPERINTERESSANTE, DEZ/2002. Pág. 43).


Diante disso, questiona-se: então porque o Evangelho de São Mateus diz que o nascimento foi em Belém? Ainda segundo o Padre Vitório, o texto segue um gênero literário da época conhecido como midrash. Basicamente, o midrash é uma forma de contar a vida de alguém usando como pano de fundo a biografia de outras personalidades históricas. No caso de Jesus, ele explica: a referência a Belém é feita para associá-lo ao rei Davi do Antigo Testamento, que segundo a tradição teria nascido lá. (REVISTA SUPERINTERESSANTE, DEZ/2002. Pág. 43).

Mesmo diante de todas estas questões em torno da precisão exata da data do dia de Natal, a festa continua sendo celebrada entre os cristãos todos os anos. Porém, ao longo dos tempos observa-se uma grande mudança no formato da celebração da festa.

Os antigos cristãos usavam a época do Natal para um momento de reflexão sobre a vida. Reuniam as famílias para fazer uma avaliação do ano que estava terminando, discutiam sobre as conquistas, as perdas e assim planejavam o ano seguinte. Tomavam vinho e comiam pão-asmo para celebrar a data. Faziam orações, pediam graças e entravam em comunhão com Cristo. Desta forma, incorporavam o verdadeiro espírito natalino.

Atualmente, o Natal celebrado pelos cristãos modernos perdeu todos estes referenciais. Movidos pelo “Espírito do Capitalismo”, estes incorporaram novos valores ao Natal celebrado hoje. A festa ganhou símbolos e personagens no mínimo patéticos que não tem nada a ver com o Natal. Um exemplo é o velhinho de barbas brancas – Papai Noel – introduzido pela cultura norte-americana, este de tanto aparecer na TV, tornou-se entre as crianças e alguns adultos, muito mais popular de que Jesus Cristo, o protagonista da festa.
Desse modo, perdeu-se o Espírito Natalino de comunidade, família e resumiu-se ao mundo do consumo. No Natal de hoje a grande maioria das pessoas não se preocupam com reflexão em torno da vida, renovação da espiritualidade, enfim. Dá e receber presentes, comer peru da Sadia, comer panetone, tomar cerveja e beber coca-cola, tornou-se muito mais e interessante. Estas atitudes praticamente definem a festa natalina.

Diante dos valores capitalistas incorporados ao Natal, impulsionados pela mídia e outros aparelhos ideológicos. O período natalino resume-se em mais um grande momento para o aquecimento do mercado. Para os historiadores, esta data assim como tantas outras: dia dos pais, dia das mães, dia das crianças, dia dos namorados e Páscoa. Foram criadas com um objetivo único: fortalecer as relações capitalistas no mundo cristão-ocidental e incentivar o consumo descontrolado. Diante disso, observamos que as pessoas no Natal não vão mais a igreja; elas vão ao shopping. Pois, lá é o espaço adequado para transformar o período natalino no “presépio do consumismo”.

Contudo, não queremos aqui mexer com a fé de ninguém, muito menos que alguém deixe de crer em seu Deus ou fracasse em sua religião. Na verdade, queremos apenas que cada leitor faça uma breve reflexão em torno do Natal.


IVANILDO ALEXANDRE
HISTORIADOR E PROFESSOR DA REDE PÚBLICA DE JOÃO LISBOA-MA

Um comentário:

  1. Ola professor, bem interessante o seu site. Vim ti convidar para conhecer e se possível divulgar um blog exclusivo de vários assuntos interessantes de Matematica.

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