terça-feira, 21 de abril de 2009

MIDIA E IDEOLOGIA




Os meios de comunicação de massa substituíram as praças públicas na definição do espaço coletivo da política no mundo contemporâneo. Mesmo em países como o Brasil, onde ainda ocupam as ruas importantes movimentos sociais e de protestos, este fenômeno hoje é bastante visível.
Devido ao grau elevado de analfabetismo e o baixo poder aquisitivo da maioria da população, a percepção popular e política da sociedade provêm principalmente dos meios eletrônicos de comunicação o rádio e a TV, e em menor escala, da leitura de jornais e revistas, os poucos objetos de leitura popular (KUCINSKI,1998).
Diante disso, a escola, a família, a igreja e o Estado produzem suas ideologias. Mas, no entanto, a mídia se apresenta como um grande aparelho ideológico. O maior de todos eles, pois, o mesmo tem o poder de agregar sozinho todos os outros juntos. Devido a sua estrutura organizacional e também pela facilidade que as pessoas têm do acesso, este faz com que a grande “massa” esteja sempre condicionada a um processo de alienação.
Contudo, há ainda outro agravante. Pois, grande parte da população brasileira vive o fantasma do desemprego. Segundo dados recentes do Dieese/Seade, tem hoje no Brasil 2,756 milhões de desempregados. Assim, uma boa parte das pessoas passa a maior parte do tempo em casa. Essa ociosidade faz com que as pessoas se tornem presas fáceis, e sejam conduzidas rapidamente a este processo alienatório. Segundo dados de pesquisas recente, uma pessoa fica em média três horas e meia por dia assistindo televisão ou ouvindo rádio – fonte: Revista Sem Fronteiras.
Através da sua programação diária dividida em comerciais, novelas, programas de auditório e, sobretudo tele-jornais. A mídia faz uma verdadeira manipulação da realidade dos fatos. A ponto de confundir mais o telespectador do que mesmo informar.
A TV Globo, por exemplo, vai além da mera distorção consciente dos fatos. Ela tenta instituir na historia, determinar o futuro da nação. Para isso, cria continuamente uma verdade impostada, construindo na sociedade o que chamamos de “ideologia do consenso” e, em várias ocasiões já assumiu a vanguarda da arte de falsear e até mesmo substituir a realidade. Nas eleições para governador de 1982 a TV Globo persistiu na transmissão de resultados eleitorais adulterados por um programa de computador especialmente desenvolvido para subtrair os votos do candidato nacionalista Leonel Brizola. A verdade só apareceu um dia depois porque o Jornal do Brasil fez uma contagem paralela, nas juntas eleitorais (KUCINSKI, 1998).
No momento, o Brasil vive uma grave crise política e econômica. Afetado pela crise mundial o pais sofre uma redução no emprego e na atividade econômica. Todos os dias os jornais noticiam os fatos, mostram depoimentos das pessoas, de gente que perdeu o emprego, de empresários que faliram e fecharam suas empresas. Procuram manter sempre em foco o assunto do momento. Os telejornais, principalmente os da TV Globo e Record não perdem tempo, e estão sempre atrás de fatos novos, seja ela uma simples especulação, mesmo sem muito fundamento, mais esta é levada ao ar, pois o objetivo é dá corpo ao fato. Mas a grande questão é a seguinte: a quem interessa todo esse bombardeio de informações? A sociedade brasileira ou um determinado setor da sociedade que nesse momento não está sendo privilegiado com as políticas do atual governo? Fiquemos atentos às informações, ou podemos está sendo manipulados.
A mídia segue um padrão político conservador e adota um tripé ideológico. Este tripé está fundamentado justamente na ideologia do consumo; a ideologia da moda e a ideologia das multinacionais. Através dos comerciais, na maioria das vezes apelativo. Cria-se a partir deste, a ideologia do consumo. Atacam com propagandas de tênis importados, de refrigerantes, carros, celulares, enfim, uma série de produtos que na grande maioria o indivíduo não pode comprar. Mas, mesmo assim, ele é induzido a consumir, nem que para isso ele tenha que roubar o produto.
As novelas se encarregam de ditar a moda. Procuram trabalhar temas do cotidiano, mas sempre apresentando tramas e comportamentos da classe média alta, isto é, tentam implantar um modelo e ao mesmo tempo estabelecer um padrão no imaginário comum das pessoas, isso para todas as classes. Apresentam sempre lindas mulheres e homens muito bonitos interpretando os personagens principais, com “corpos sarados”, vendendo a idéia de que aquele é o corpo perfeito, e que toda mulher e todo homem precisa malhar, precisa ter uma alimentação especial para manter sempre o corpo escultural. A idéia de que a mulher precisa ser magra pra ser bonita e, de que o homem precisa ser forte e musculoso para ser símbolo sexual.
Contudo, inicia-se aí uma grande corrida de mulheres e homens atrás das academias em busca do corpo perfeito. Neste momento, as empresas que vendem produtos para emagrecer e as que vendem anabolizantes ou aparelhos de academia dobram as vendas. Além disso, as roupas, os acessórios e outros produtos usados pelos personagens nas novelas, viram uma “febre” entre as pessoas, principalmente entre os adolescentes. Somado a isto, tem ainda os jargões (gírias) que são falados diariamente pelos personagens das novelas e que imediatamente vai para na “boca do povo”. Por exemplo: “Né brinquedo não!” (jargão da personagem D. Jura na novela O Clone da Rede Globo em 2002, dentre outros.
Os programas de auditórios e os telejornais são duas armas fortíssimas da mídia na construção de ideologias. O primeiro, além de sua programação diária, normal: com jogos, brincadeiras, show de calouros; procura assim divertir o público e lavá-los par mais longe da realidade. Atacam ainda o emocional das pessoas com campanhas de solidariedade, ajuda a famílias pobres, como por exemplo: Domingo Legal do SBT e o Domingão do Faustão da Rede Globo. Neste momento, as grandes empresas com o “papo” de que estão contribuindo com as campanhas, aproveitam a grande audiência para divulgarem suas marcas, seus produtos. Na maioria das vezes, empresas estrangeiras instaladas aqui no Brasil que sonegam impostos. Entra aqui, a ideologia das multinacionais, de que o produto anunciado é estrangeiro, é importado, portanto é o melhor. Este último, isto é, os tele-jornais, através da manipulação das informações iludem o telespectador, transformando informações falsas em informações verdadeiras. Aqui é construída a idéia de que tudo que passa no jornal é verdadeiro. Justificando essa idéia com frases do tipo: “Mas, rapaz, passou foi no Jornal Nacional!”, ou então “Eu vi foi no Fantástico!” Com isso, o individuo passa a pensar não por si, nem a partir de si, mas, através do que ele viu no jornal, isto é, do que “deu na TV”. Fechando assim, o espaço para uma análise crítica da realidade social/política e econômica do Brasil e do mundo.

IVANILDO ALEXANDRE OLIVEIRA
HISTORIADOR E PROFESSOR DA REDE PÚBLICA DE JOÃO LISBOA-MA
E-mail: ivanlexx5@hotmail.com
Site: www.noticiaspopulares.com

2 comentários:

  1. Perfeita a definição e monopólio da informação...

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  2. Adorei o post! Definiu muito bem e falou o que tinha realmente que ser dito. Sem blablabla ou "enchimento de linguiça"!

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